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Minha Visita à 36ª Bienal de Artes de São Paulo

Visitei a 36ª Bienal de Artes de São Paulo e amei! A exposição está belíssima!! Tem muita beleza, cor e textura em termos físicos, de ver. Mas de sentir… ah! Que exposição sensível!! A curadoria acertou demais.

Simone Lopes na "Sala dos Lustres" obra do artista chinês Song Dong
Simone Lopes na sala iluminada do artista chinês Song Dong, instalação chamada "Borrow Light" (emprestar luz) a "Sala dos Lustres".

Desde o título, já dá para perceber a intenção. O tema desta Bienal vem de um pedaço de um poema da Conceição Evaristo, uma das escritoras brasileiras mais importantes da atualidade. Ela escreve sobre memória, corpo, ancestralidade, vida comum e resistência — sempre com muita força e verdade. Então, trazer um verso dela como ponto de partida já abre um caminho muito humano.


E é exatamente isso que o curador quis fazer: falar sobre Humanidade. Não aquela palavra grande e distante… mas humanidade no dia a dia. Nas histórias, nos afetos, nas feridas, nos encontros, no que carregamos e no que deixamos pelo caminho. A exposição é organizada em “capítulos”, cada um tocando um aspecto dessa experiência de ser humano hoje. E o mais bonito é perceber como as obras realmente traduzem esses temas de formas diferentes e muito acessíveis.


Logo na entrada, por exemplo, uma grande instalação feita com terra, raízes, sementes e plantas já coloca a gente num estado mais sensível. É como entrar num outro tipo de sala — viva, cheirosa, cheia de textura. Ali já dá para sentir que a Bienal quer falar de origem, de corpo, de natureza, de tempo.

Em outros espaços, obras de artistas indígenas aparecem com muita força. Tem pintura, desenho, objetos, vídeos — todos trazendo temas como território, floresta, espiritualidade e vida coletiva. Essas obras mostram um outro jeito de olhar o mundo, mais conectado e mais inteiro.


Uma das mais instagramáveis, a "Sala de Lustres" é uma das obras que mais chama atenção pela sua imponência e interação com o espaço da Bienal, "Borrow Light" (emprestar luz) do artista chinês Song Dong, a instalação se caracteriza pelo uso de múltiplos lustres que criam um ambiente de luz dramática e imersiva (belíssimo para fazer aquela foto pra postar nas suas redes), refletindo sobre temas ligados à tradição, luxo e talvez crítica social ou cultural, conforme a linha da Bienal incentiva a reflexão.


O coletivo que recebeu mais atenção da crítica na 36ª Bienal de São Paulo foi o Vilanismo, uma irmandade de artistas pretos fundada em 2021. A crítica destacou sua instalação "Os meninos não sei que juras fraternas fizeram" pela profundidade e potência das discussões sobre corpos negros periféricos, proteção, cuidado e vigilância. O espaço do coletivo ressignifica o espaço de trabalho, direito à terra e coletividade. A obra convida o público a vivenciar um ateliê expandido, onde os “vilões” articulam saberes, lutas e afetos, reimaginando masculinidades negras e possibilidades de humanização.O coletivo foi amplamente reconhecido por seu trabalho que combina saberes ancestrais, práticas rituais e referências contemporâneas, promovendo uma reflexão poderosa sobre identidade, resistência e memória.


Há também muitos trabalhos sobre memória, usando fotos, colagens, vídeos e objetos pessoais. São obras que falam de família, infância, identidade… coisas simples e profundas ao mesmo tempo. Nada complicado — é aquele tipo de arte que você olha e pensa: “eu entendo isso”.


Outro ponto marcante é o uso de tecidos, bordados e materiais do cotidiano. Várias obras trazem costuras, fibras naturais, restos de objetos e elementos que fazem parte da vida real. Isso aproxima muito a gente da arte, como se ela estivesse falando diretamente do que é comum, do que é humano.


Adorei ver muitas pinturas sobre tela. Telas carregadas de tinta, texturas, colagens e muitas cores. Quantidade que não se via nas ultimas edições da Bienal de São Paulo. Amei!


No fim, o que fica é um caminho muito coerente e sensível.

A Bienal não tenta ser difícil. Ela é simples e verdadeira.

E, sinceramente, ela consegue.

Saí de lá com a sensação boa de esperança em um mundo melhor, já que a arte e a ideia de exposição proposta foi: Seja Humano! Olhe ao redor! Faça o bem! Seja sensível e cuidadoso!

E que cada obra — grande, pequena, simples ou complexa — estava respondendo a uma mesma pergunta: Como viver neste mundo com mais cuidado e mais verdade?


Se você puder visitar, vá. Vá com calma, vá com o coração aberto.


A 36ª Bienal está linda, acessível e cheia de obras que fazem a gente pensar e sentir — Fica em cartaz até 11 de janeiro de 2026. É gratuita e não precisa reservar, apenas vá.


A arte fazendo seu papel e comunicando ideias ao mundo.


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