Minha Visita à 36ª Bienal de Artes de São Paulo
- Simone Lopes
- 26 de nov.
- 3 min de leitura
Visitei a 36ª Bienal de Artes de São Paulo e amei! A exposição está belíssima!! Tem muita beleza, cor e textura em termos físicos, de ver. Mas de sentir… ah! Que exposição sensível!! A curadoria acertou demais.

Desde o título, já dá para perceber a intenção. O tema desta Bienal vem de um pedaço de um poema da Conceição Evaristo, uma das escritoras brasileiras mais importantes da atualidade. Ela escreve sobre memória, corpo, ancestralidade, vida comum e resistência — sempre com muita força e verdade. Então, trazer um verso dela como ponto de partida já abre um caminho muito humano.
E é exatamente isso que o curador quis fazer: falar sobre Humanidade. Não aquela palavra grande e distante… mas humanidade no dia a dia. Nas histórias, nos afetos, nas feridas, nos encontros, no que carregamos e no que deixamos pelo caminho. A exposição é organizada em “capítulos”, cada um tocando um aspecto dessa experiência de ser humano hoje. E o mais bonito é perceber como as obras realmente traduzem esses temas de formas diferentes e muito acessíveis.
Logo na entrada, por exemplo, uma grande instalação feita com terra, raízes, sementes e plantas já coloca a gente num estado mais sensível. É como entrar num outro tipo de sala — viva, cheirosa, cheia de textura. Ali já dá para sentir que a Bienal quer falar de origem, de corpo, de natureza, de tempo.
Em outros espaços, obras de artistas indígenas aparecem com muita força. Tem pintura, desenho, objetos, vídeos — todos trazendo temas como território, floresta, espiritualidade e vida coletiva. Essas obras mostram um outro jeito de olhar o mundo, mais conectado e mais inteiro.
Uma das mais instagramáveis, a "Sala de Lustres" é uma das obras que mais chama atenção pela sua imponência e interação com o espaço da Bienal, "Borrow Light" (emprestar luz) do artista chinês Song Dong, a instalação se caracteriza pelo uso de múltiplos lustres que criam um ambiente de luz dramática e imersiva (belíssimo para fazer aquela foto pra postar nas suas redes), refletindo sobre temas ligados à tradição, luxo e talvez crítica social ou cultural, conforme a linha da Bienal incentiva a reflexão.
O coletivo que recebeu mais atenção da crítica na 36ª Bienal de São Paulo foi o Vilanismo, uma irmandade de artistas pretos fundada em 2021. A crítica destacou sua instalação "Os meninos não sei que juras fraternas fizeram" pela profundidade e potência das discussões sobre corpos negros periféricos, proteção, cuidado e vigilância. O espaço do coletivo ressignifica o espaço de trabalho, direito à terra e coletividade. A obra convida o público a vivenciar um ateliê expandido, onde os “vilões” articulam saberes, lutas e afetos, reimaginando masculinidades negras e possibilidades de humanização.O coletivo foi amplamente reconhecido por seu trabalho que combina saberes ancestrais, práticas rituais e referências contemporâneas, promovendo uma reflexão poderosa sobre identidade, resistência e memória.
Há também muitos trabalhos sobre memória, usando fotos, colagens, vídeos e objetos pessoais. São obras que falam de família, infância, identidade… coisas simples e profundas ao mesmo tempo. Nada complicado — é aquele tipo de arte que você olha e pensa: “eu entendo isso”.
Outro ponto marcante é o uso de tecidos, bordados e materiais do cotidiano. Várias obras trazem costuras, fibras naturais, restos de objetos e elementos que fazem parte da vida real. Isso aproxima muito a gente da arte, como se ela estivesse falando diretamente do que é comum, do que é humano.
Adorei ver muitas pinturas sobre tela. Telas carregadas de tinta, texturas, colagens e muitas cores. Quantidade que não se via nas ultimas edições da Bienal de São Paulo. Amei!
No fim, o que fica é um caminho muito coerente e sensível.
A Bienal não tenta ser difícil. Ela é simples e verdadeira.
E, sinceramente, ela consegue.
Saí de lá com a sensação boa de esperança em um mundo melhor, já que a arte e a ideia de exposição proposta foi: Seja Humano! Olhe ao redor! Faça o bem! Seja sensível e cuidadoso!
E que cada obra — grande, pequena, simples ou complexa — estava respondendo a uma mesma pergunta: Como viver neste mundo com mais cuidado e mais verdade?
Se você puder visitar, vá. Vá com calma, vá com o coração aberto.
A 36ª Bienal está linda, acessível e cheia de obras que fazem a gente pensar e sentir — Fica em cartaz até 11 de janeiro de 2026. É gratuita e não precisa reservar, apenas vá.
A arte fazendo seu papel e comunicando ideias ao mundo.







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